#Flores.Ser | Fim de ano
Fim de ano sempre traz à tona reflexões sobre nossas memórias e os momentos que marcaram nossas vidas. Para mim, uma época que antes era sinônimo de alegria — os Natais em família — hoje carrega outro significado. Lembro de quando minha mãe estava viva. Nossos Natais eram preenchidos por risadas, mesa cheia e o calor das conversas entre tios, primos e avós. Eram encontros que aqueciam a alma.
Após o falecimento da minha mãe, em 2015, esses momentos mudaram. O brilho do Natal deu lugar a uma saudade profunda, que muitas vezes vem acompanhada de uma melancolia silenciosa. Ainda me vejo lembrando de como ela iluminava essas ocasiões não somente com seu batom vermelho, mas com sua presença, e de como esses encontros familiares pareciam tão naturais. Hoje, os Natais não são os mesmos, e confesso que a ausência dela se faz sentir de forma mais intensa nessa época.
Essa semana, tive um sonho que me fez reviver essa saudade. No sonho, eu trabalhava em meu consultório, e as histórias dos pacientes frequentemente remetiam às mães deles. O sonho trouxe de volta aquela saudade parecida com os primeiros meses após sua partida. Acordei com o coração apertado, mas também com a certeza de que o vínculo que compartilhamos continua vivo dentro de mim.
As datas especiais, como o aniversário dela no dia 3 de dezembro, ou o próprio Natal, trazem desafios, mas também uma oportunidade de ressignificar. Talvez você, leitor, também carregue a saudade de alguém querido. Se for o caso, convido você a honrar essas memórias, transformando-as em gestos de amor e cuidado consigo mesmo ou com os outros. Pode ser uma nova tradição, um prato especial, ou mesmo um momento de introspecção para recordar os momentos que fizeram sua história única.
A saudade não precisa ser apenas dor; ela pode ser uma ponte que nos conecta ao que temos de mais precioso, incluindo nossas memórias. Que nesse Natal, possamos encontrar maneiras de acolher nossas emoções e celebrar a memória daqueles que amamos, trazendo luz e significado para nossas vidas, colecionando novas memórias!
Daniel Cadore, psicólogo