#ColunadaMari | Pare o mundo que eu quero descer
Ingratidão, característica de pessoa ingrata. Ingrata(o), qualidade de quem não reconhece o bem que lhe foi oferecido nem a ajuda que lhe foi concedida. É com esse conceito que inicio a coluna de hoje.
Como diriam velhos sábios, existem coisas que acontecem para que possamos nos tornar pessoas melhores. No entanto, infelizmente, a catástrofe que aconteceu no último ano apenas serviu para que a maior parte das pessoas piorasse ainda mais. Já tenho falado sobre isso há bastante tempo, mas alguns acontecimentos desta semana conseguiram despertar em mim uma indignação e uma dor que eu jamais pensei que iria sentir. Sim, porque a ingratidão é algo que me afeta profundamente.
O Término do Aluguel Social e os Auxílios
O primeiro episódio aconteceu com o anúncio do término da concessão do aluguel social, previsto por lei até o dia 31 de dezembro deste ano. A partir do próximo ano, o governo estadual passará a oferecer apenas R$ 400,00, seguindo alguns critérios. Desde a sua concessão, o intuito do auxílio temporário sempre foi ajudar as famílias a amenizarem os prejuízos causados pelas cheias históricas. Em nenhum momento foi prometido um auxílio permanente. Afinal, os recursos usados para esse fim são públicos, e, se formos analisar bem, o dinheiro público é de todos os contribuintes, não apenas para ajudar alguns.
Obviamente, segundo as leis brasileiras, pessoas em vulnerabilidade social têm prioridade, mas, se pensarmos bem, não é preciso ser muito inteligente para perceber que os critérios do assistencialismo são extremamente injustos e precisam ser revistos urgentemente.
Os Auxílios Recebidos
E não foi apenas o aluguel social que as pessoas atingidas pelas catástrofes receberam. Além de R$ 5.100,00 do governo federal, mais R$ 2.700,00 do governo estadual, sem contar cestas básicas, doações de móveis, roupas, produtos de limpeza e afins, o valor total recebido por algumas famílias ultrapassa R$ 20 mil. E é então que eu questiono: quais foram as prioridades dessas pessoas que receberam esses auxílios? Não adianta culpar o Poder Público ou achar que quem não foi atingido é insensível. Todos nós perdemos com as catástrofes, não apenas quem vive com uma renda menor. Está na hora de termos consciência de que nada cai do céu e de que precisamos lutar para alcançar nossos objetivos e melhorar nossas condições de vida. Tudo na vida é questão de prioridade, e já passou da hora de cada um andar com suas próprias pernas.
Críticas à Ação da Havan
Outro fato que me chocou foram as críticas dirigidas à belíssima ação da Havan, que trouxe a carreata do Papai Noel para Muçum, Encantado e Roca Sales. Foi aí que a frase “Pare o mundo, que eu quero descer” fez todo o sentido para mim. Em um grupo de WhatsApp, uma pessoa “alertou” que a ação da Havan era apenas para tirar foto com o Papai Noel, que as três carretas não tinham doações, apenas balas. Mas o que veio a seguir foi ainda pior: comentários de que a empresa só estaria querendo aparecer e muitas outras críticas. Pode isso, produção?
Em junho deste ano, apesar de ter sofrido enormes prejuízos, o empresário Luciano Hang doou mais de R$ 1 milhão para os municípios de Encantado e Muçum, além de emprestar seus helicópteros particulares para auxiliar a região. Gostariam que eu citasse alguém mais que tenha feito isso por nós? A ingratidão, a pobreza de espírito e o egoísmo de algumas pessoas realmente estão acabando com o mundo.
Reflexão Final
É lamentável saber que, hoje, muitas pessoas só pensam em ganhar, sem fazer esforço algum. Lamento informar que o mundo não gira em torno de doações. Os auxílios acabaram, e agora resta a cada um de nós rever as nossas prioridades e batalhar para conquistar as nossas coisas. São poucos os que nasceram em “berço de ouro”. Noventa por cento da população batalhou muito para ter o que tem. Apenas reflitam, por favor!