#NolimarPerondi | O MDB de Encantado, a partir desta coligação, pode estar reagindo

Eleitoral

A lei eleitoral prevê que os partidos que queiram concorrer no pleito deste ano realizem suas convenções até o dia 5 de agosto. Nessas convenções, serão escolhidos os candidatos a prefeito e vice, além dos candidatos a vereador. Também é nesse momento que ocorrem as coligações. Os registros desses candidatos devem ser feitos até o dia 15 deste mês.

Uma novidade para o registro de cargo de vereador nestas eleições é que os partidos ou federações poderão lançar um total de candidatos de até 100% das vagas a serem preenchidas, mais um. Até 2021, a lei estabelecia um teto de 150% do número de vagas. Assim, por exemplo, em Encantado, onde há 11 vagas, cada partido poderá lançar 12 candidatos, obedecendo ainda a cota de gênero. Do número total de candidatos apresentados, é necessário preencher o mínimo de 30% e máximo de 70%. Além disso, no cálculo do percentual, as frações devem ser arredondadas para cima. Portanto, em Encantado, com 12 candidatos, a cota mínima será de 4. Outro detalhe é que não existem mais coligações proporcionais; ou seja, cada partido ou federação terá que somar votos para alcançar o quociente eleitoral e o quociente partidário para obter uma cadeira no legislativo.

Entenda

A federação é a união de partidos que obedecem às regras como se fosse um único partido e que deve perdurar pelo prazo de quatro anos. Basicamente, para conquistar uma cadeira, o partido deve alcançar o quociente eleitoral, que é o cálculo feito pelo número de votos válidos dividido pelo número de vagas. Na eleição de 2020 em Encantado, por exemplo, o total de votos foi 14.183, dos quais 13.562 foram válidos. Dividindo os votos válidos pelo número de vagas, que é 11, chegamos ao quociente de 1.232. Assim, a cada 1.232 votos, a agremiação conquista uma vaga, que será preenchida pelo mais votado do partido. Em caso de empate na majoritária ou na proporcional, o critério de desempate é a idade, vencendo o candidato mais velho. Em Jardinópolis, oeste catarinense, na eleição de 2020, os dois candidatos a prefeito empataram com 748 votos, e o vencedor era apenas três meses mais velho.

Didático

Na eleição proporcional de 2020 em Encantado, a candidata Andresa Cristina de Souza (MDB) foi a mais votada, com 1055 votos. Mesmo assim, se o seu partido não tivesse alcançado o quociente eleitoral de 1232, ela não seria eleita. Luciano José Moresco (PT) foi o oitavo mais votado com 502 votos e não se elegeu porque o seu partido não alcançou o quociente. Roberto Salton (PDT) foi o 15º colocado com 338 votos, fazendo menos votos do que quatro concorrentes, mas foi eleito porque a soma dos votos do seu partido alcançou o quociente.

Convenções

O MDB realizou sua convenção na quarta-feira à noite. O partido decidiu pela coligação com o PSDB e indicou o ex-prefeito Agostinho Orsolin para vice de Jonas Calvi. Porém, houve horas de discussão, pois o PSDB preferia Orsolin para formalizar a coligação, enquanto o MDB queria indicar o advogado Gustavo Mezzomo.

Reunião

O PSDB se reuniu informalmente para um almoço na quarta-feira para discutir se aceitaria a indicação de Gustavo Mezzomo para vice de Jonas. A maioria preferiu ampliar a discussão, e, caso o MDB mantivesse a posição, poderia concorrer com chapa pura, tendo a possibilidade de dois nomes para vice: o vereador Cris Costa ou a ex-secretária Joanete Cardoso.

Internos

O MDB tem uma divisão interna notória, causada por discussões e entendimentos pessoais entre membros, formando alas distintas. O ex-prefeito Orsolin não estava nas opções da atual executiva, que esperava mais dele na eleição passada, quando a sigla se aventurou numa coligação com seu eterno rival PP. Após intensas conversas, o presidente do partido, Celso Cauduro, conduziu para um entendimento pensando no partido, decidindo aceitar e indicar Orsolin para vice na chapa de Jonas Calvi.

Foto

Na mesma noite, logo após a definição do MDB, o prefeito Jonas esteve no local e, junto com Orsolin, registraram o momento numa fotografia, acompanhados pelo presidente do MDB, Celso Cauduro, o presidente do União Brasil, Ivanor Daltoé, vereadores do MDB, entre outros filiados.

Rumo

O MDB de Encantado, com esta coligação, pode estar reagindo, com fortes possibilidades de voltar a ser protagonista na política do município. Tudo vai depender desta eleição.

Futuro

Comparando Paulo Costi e Jonas Calvi sob a ótica de renovação, o MDB acaba entrando melhor nessa ‘briga’. Paulo Costi, caso eleito, poderia teoricamente concorrer mais uma vez, limitando o surgimento de novas lideranças. Jonas, por sua vez, caso eleito, entraria para seu segundo mandato e, necessariamente, precisaria sair, abrindo espaços. Certamente, tanto o MDB quanto o PP estarão disputando o futuro político de Encantado. Um deles continuará forte, enquanto o outro pode se enfraquecer.

Oportunidades

Na política, existem oportunidades que são daquele momento. Aqueles que não conseguem dimensionar seu tempo acabam sofrendo as consequências.

PL

Quem acompanhou a convenção do PL de Encantado afirma que foi algo surreal. Existe um conflito interno bem acentuado nesse partido, fundado há pouco tempo. Marcio Vivian, o primeiro presidente da sigla, supostamente tem o apoio do presidente estadual Giovani Cherini. Mesmo assim, foi destituído do cargo, assumindo Agenor Borghetti, apoiado pelo deputado Sanderson. Borghetti quer coligar com o PP, enquanto os dissidentes, como Vivian, querem apoiar Jonas. No final da convenção, ficou aberto para que os filiados do PL de Encantado apoiem quem preferirem.

Podemos

Nessa discussão interna do PL de Encantado, alguns descontentes fundaram o Podemos. Mesmo não indicando candidatos para esta eleição, realizarão sua convenção no dia 4 e prometem apoio a Jonas. O deputado federal Mauricio Marcon foi convidado para esse evento. O Podemos de Encantado parece não começar com um padrinho político forte, pois no mês passado, o Tribunal Regional do Rio Grande do Sul decidiu, por sete a zero, que Mauricio Marcon deve perder o mandato por uma suposta fraude à cota de gênero.

Frase

“Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.” – Friedrich Nietzsche