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#RaquelCadore | Imaturidade Emocional

As pessoas que não têm o paraíso dentro delas não conseguem ver o paraíso fora delas. É preciso ter o paraíso dentro para ver o paraíso fora.” Essa citação reflete a visão de Rubem Alves sobre como nosso mundo interior influencia a maneira como percebemos a realidade ao nosso redor. Assim como ele, acredito que a beleza e a paz que encontramos no mundo externo são, em grande parte, reflexos do que cultivamos internamente, e a importância de trabalhar constantemente o mundo interior na construção da sensibilidade e da busca por significado na vida cotidiana, e aqui entro no tema de hoje, maturidade emocional, que não significa não sentir dor, raiva ou medo, mas saber o que fazer com esses sentimentos. Saber esperar, ouvir, dialogar, não fugir da frustração nem colocar no outro a culpa pelas próprias feridas. Pessoas emocionalmente maduras não são perfeitas, apenas aprendem que o autocuidado não exclui o outro, e que amar é também permitir-se crescer e reconhecer momentos felizes, mesmo quando dói. É maturidade escolher a realidade em vez da ilusão, o vínculo verdadeiro em vez do controle absoluto. É seguir em frente, mesmo com cicatrizes, sabendo que sentir profundamente é parte da força, não da fraqueza. A humanização dos bebês reborn pode ser vista como reflexo de uma carência afetiva coletiva. Em um mundo marcado por solidão, frustração e desconexão, é compreensível que se busquem formas alternativas de afeto, mas quando essa relação substitui o vínculo com pessoas reais e começa a ditar rotinas e decisões, entramos num território delicado: o da imaturidade emocional que beira a patologia. Buscar conforto simbólico é humano, mas no meu humilde entendimento, quando esse vínculo substitui relações reais, interfere na vida social ou vira uma fuga da realidade, é hora de acender o sinal de alerta. A diferença entre uma ferramenta terapêutica e uma ilusão permanente está no propósito e no acompanhamento. A imaturidade emocional em si não é uma doença, é uma etapa do desenvolvimento afetivo que se não enfrentada, pode se manifesta em atitudes como fuga da realidade, dificuldade em lidar com frustrações, idealização de relações, desejo de controle absoluto e resistência ao novo. O bebê reborn, nesse contexto, oferece um afeto “sem risco”, uma presença que não exige reciprocidade, uma relação segura, mas irreal. Trago este tema sem julgamento, como cuidado mesmo, onde em tempos tão carentes de relações profundas e verdadeiras, talvez o maior sinal de maturidade emocional seja reconhecer que, por mais reconfortante que pareça o afeto idealizado, é no encontro com o outro real, imperfeito, desafiante e transformador, que a vida verdadeiramente acontece.

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