Dia do Chimarrão: você conhece tudo sobre esse ritual gaúcho?
Confira algumas curiosidades e dicas de preparo para comemorar a data em grande estilo
Mais do que uma simples bebida, o chimarrão é um dos maiores símbolos quando se fala do Rio Grande do Sul – e também de países vizinhos como o Uruguai e a Argentina. E, exatamente por ser tão importante e significativo, não poderia deixar de ser reconhecido com uma data especial como o 24 de abril, Dia do Chimarrão.
Para os iniciantes do ritual, tudo começa com a infusão da erva-mate em água quente, preparada através de uma cuia e sorvida por meio da bomba. Estas denominações já são suficientes para entender que se trata de um hábito bem específico. Mas o chimarrão não carrega essa exclusividade como algo que separe seus apreciadores dos demais. Pelo contrário, por ser consumida coletivamente, basta se aproximar para que a mão se estenda oferecendo a bebida.
Quem chega em meio a uma roda de mate, tem preferência. Esta é uma das tantas regras que ditam como deve ser feito e apreciado o chimarrão. Mas, se você não está acostumado com esse ritual, confira algumas curiosidades sobre a bebida mais tradicional dos gaúchos e faça bonito na hora de comemorar:
Regras para beber
Apreciar o chimarrão implica em uma série de mandamentos, como seguir a ordem da roda (sequência de quem está tomando), não mexer na bomba, só devolver a cuia depois de terminar (com o som do “roncar”) e só agradecer depois de tomar pelo menos dois mates – pois agradecer é o sinal de que a pessoa vai parar.
Regras para preparar
Assim como a roda de mate, o preparo também tem leis imutáveis: nunca ferver a água é a principal delas. Mantenha a temperatura entre 70ºC e 80ºC – acima disso pode ser prejudicial para a boca e para o esôfago.
Outra recomendação é, na primeira rodada, umedecer a erva-mate com água fria, para não arriscar queimar o mate ao colocar a água quente. Algo que pode arruinar a experiência e o consumo da famosa bebida.
Benefícios à saúde
Se já não faltam motivos para tomar chimarrão, sobram razões diante da informação de que a erva-mate é rica em vitaminas e um saboroso estimulante, além de reduzir o colesterol e os triglicerídeos. Também auxilia na digestão, combate a sede e – dizem – cura até ressaca.
Para todas as horas
O chimarrão pode ser consumido sozinho, sendo um bom momento para refletir sobre diversos assuntos. No verão ou no inverno, é um companheiro para qualquer momento, no trabalho, nos estudos ou no lazer. Ainda pode ser apreciado em dupla ou em grupo, momento em que surge a tradicional roda de mate.
Vale ressaltar que, em uma roda, não se toma apenas um golinho e passa o mate adiante. É preciso tomar tudo, até a bomba “roncar”. Se isso não é feito, pode ser considerado uma desfeita para os demais.
Tipos de ervas
O resultado final da infusão será mais ou menos amargo conforme o tipo de erva-mate escolhido pelo consumidor. Por isso, você precisa saber que existem pelo menos quatro diferentes tipos de erva-mate.
A primeira é a chamada “Nativa”, uma erva feita, em sua maioria, no Paraná e de um sabor suave, não tão amargo. A “Tradicional”, como o próprio nome sugere, serve tanto para o chimarrão quanto para o tereré (versão gelada). Ela costuma ser a erva mais utilizada por seu nível intermediário de amargor e pode ser bastante encontrada na região de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. Já a “Moída Grossa” se refere ao processo após a desidratação e secagem da planta e representa um maior amargor. E, por último, a “Pura Erva” é a mais amarga entre as quatro citadas, com maior consumo identificado na Argentina.
Origem indígena
Uma curiosidade é que o hábito de preparar e beber chimarrão surge de uma herança dos indígenas que habitavam o sul da América do Sul, em especial os guaranis, quíchuas e aimarás. Chimarrão é o nome adotado no Brasil, embora derive de “cimarrón”, que designa o gado que, depois de domado, retornou a uma vida selvagem. Os países de língua espanhola – e as regiões de fronteira do Rio Grande do Sul – usam mais o termo “mate”.
Além de ser matéria-prima para o chimarrão, de uma forma bastante inusitada, a erva-mate também reserva um histórico de ser utilizada como ingrediente para diversas receitas culinárias, como: sorvetes, mousses, bolos, farofas, rapaduras, trufas, patês, pães, panetones, alfajores, risoles e até pizzas. Seu sabor de identidade é notório em todas.