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Oito mitos sobre um mundo com 8 bilhões de pessoas, de acordo com a ONU

Relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) detalha o que é mito e o que é verdade sobre possíveis impactos do recorde populacional atingido em 2022

No último ano, a população mundial chegou a 8 bilhões de pessoas. A população global está crescendo em um ritmo mais lento desde 1950, apresentando uma queda de 1% em 2020.

Diante da circulação de informações sobre possíveis impactos do recorde populacional, um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), detalha o que é mito e o que é verdade nesse contexto. No documento, especialistas analisam o que esses números podem representar para o futuro da população global.

O documento mostra, por exemplo, que muitas pessoas não conseguem atingir seus objetivos reprodutivos. Na avaliação da agência, os corpos das mulheres não devem ser “mantidos cativos” de escolhas feitas por governos ou qualquer outra pessoa.

Além disso, eles afirmam que o planejamento familiar não deve ser uma ferramenta para alcançar metas populacionais, mas uma ferramenta para empoderar os indivíduos.

Confira os mitos mais repetidos sobre o aumento populacionais e as explicações da agência da ONU.

Mito 1. Há muitas pessoas nascendo

Catástrofes climáticas, conflitos intermináveis, fome crescente, pandemias, instabilidade econômica. As causas dessas crises são múltiplas e se sobrepõem. Mas, para alguns, é natural apontar o dedo para as taxas de fertilidade: a população mundial é muito grande e os recursos são insuficientes.

Para o Unfpa, o marco de 8 bilhões é sinal de progresso humano. Isso significa que mais recém-nascidos estão sobrevivendo, mais crianças estão indo para a escola, recebendo cuidados de saúde e chegando à idade adulta.

As pessoas, hoje, vivem quase 10 anos a mais do que em 1990 e as mudanças nas taxas de fertilidade não devem alterar a atual trajetória de crescimento de nossa população. Segundo o Unfpa, se observarmos, a taxa de crescimento populacional está diminuindo significativamente.

2. Não há pessoas suficientes nascendo

Desde a década de 1950, o número médio de filhos que as mulheres têm globalmente caiu mais da metade, de 5 para 2,3. Dois terços da população mundial vivem em lugares com taxas de fertilidade abaixo do nível de reposição.

De acordo com a agência da ONU, esse cenário não é um sinal de que a população global está em risco ou de que não haverá recursos de serviço social suficientes para os idosos.

Segundo a agência, isso aponta que os indivíduos estão cada vez mais autônomos sobre suas próprias vidas reprodutivas. O Unfpa ressalta que todas as populações estão envelhecendo, o que é um resultado positivo do aumento em longevidade.

A queda das taxas de fertilidade não precisa, necessariamente, resultar em redução da população como um todo. Segundo a agência, muitos países experimentaram uma queda nas taxas populacionais desde a década de 1970, mas ainda cresceram devido à migração.

3. Estas são questões demográficas, não questões de gênero

O Unfpa avalia que atualmente os indivíduos estão nascendo em um mundo de desigualdade de gênero profunda. Embora a entidade afirme que a reprodução humana deveria ser uma escolha, dados mostram o contrário.

O relatório destaca que cerca de 44% das mulheres com parceiros são incapazes de exercer autonomia corporal. Nesse sentido, elas não são possuem liberdade para tomar suas próprias decisões sobre seus cuidados de saúde, contracepção e se devem ou não ter relações sexuais.

O Unfpa ressalta que quase metade de todas as gestações são indesejadas e cerca de 500 mil nascimentos todos os anos são de gestações entre meninas de 10 a 14 anos.

4. Taxa de fertilidade total ideal é de 2,1 filhos por mulher

A taxa de 2,1 filhos por mulher é apresentada como o nível de fertilidade de reposição, ou seja, a taxa média necessária para substituir uma população ao longo do tempo.

Segundo o Unfpa, embora a informação seja geralmente verdadeira, o número não pode ser tratado como um padrão-ouro e uma meta para muitas políticas de fertilidade.

Isso porque, 2,1 é a taxa média de substituição para países com taxas de mortalidade infantil muito baixas e taxas naturais de sexo ao nascimento, não países com taxas de mortalidade mais altas ou taxas de sexo distorcidas.

O índice também não considera as mudanças na idade das mulheres no parto e o impacto da migração. Para o Unfpa, é uma meta enganosa e inatingível.

5. Ter filhos é irresponsável em um mundo de catástrofes climáticas

Na avaliação do Unfpa, essa afirmação sugere que as mulheres em países com altas taxas de fertilidade são responsáveis pela crise climática. Na verdade, elas foram as que menos contribuíram para o aquecimento global e as que mais sofrem com seus impactos.

A agência explica que os 10% mais ricos da população humana são responsáveis por metade de todas as emissões de gases de efeito estufa. E eles tendem a viver em países com taxas de fertilidade mais baixas.

Com essas estatísticas, o Unfpa analisa que reduzir as taxas de fertilidade não resolverá a crise climática. O que contribuiria é trazer os níveis de consumo para patamares mais sustentáveis, reduzir as desigualdades e investir em fontes de energia mais limpas.

6. Precisamos estabilizar as taxas populacionais

Essa crença contém a suposição de que certas taxas populacionais são boas ou ruins. A agência da ONU destaca que não existe um número perfeito de pessoas, nem devemos indicar o número de filhos que cada mulher deve ter. A história tem mostrado os danos que esse tipo de pensamento pode causar, como a eugenia e o genocídio.

A comunidade internacional hoje rejeita firmemente os esforços de controle populacional, mas ainda há um interesse significativo em influenciar as taxas de fertilidade.

As Nações Unidas pesquisaram as atitudes dos governos em relação à mudança populacional na última década. Uma descoberta do relatório é um aumento acentuado no número de países que adotam políticas com a intenção de aumentar, diminuir ou manter as taxas de fertilidade de seus cidadãos.

Estas não são necessariamente políticas coercivas, podendo ser positivas, por exemplo, se aumentarem o acesso aos serviços de saúde. Mas, em geral, o Unfpa avalia que os esforços para influenciar a fertilidade estão correlacionados com um desempenho inferior em medidas de democracia e liberdade humana.

Para o Unfpa, o ponto principal é que todo indivíduo tem o direito humano fundamental de escolher, livre e responsavelmente, o número e o espaçamento de seus filhos.

7. Temos que focar nas taxas de fertilidade porque não temos dados sobre o que as mulheres querem

Preocupações com a população são repetidamente enquadradas como questões sobre fertilidade ou taxas de natalidade. Os especialistas geralmente se preocupam com o fato de que dados sobre a intenção de fertilidade não são confiáveis.

Embora possam variar, deixar de buscar informações sobre o que as mulheres e outros grupos marginalizados precisam e querem, abre as portas para danos e violações de direitos, avalia o Unfpa.

Os apelos para aumentar ou diminuir as taxas de fertilidade costumam ser ouvidos como esforços para controlar a fertilidade das mulheres e não como intenções de garantir o controle das próprias mulheres e meninas sobre suas escolhas.

8. Direitos e escolhas são ótimos em teoria, mas inacessíveis na realidade

O Unfpa alerta que deixar de apoiar os direitos reprodutivos sempre acarreta custos, que são desproporcionalmente arcados, pelas mulheres e populações mais marginalizadas.

Segundo a agência, devem ser fornecidos uma gama completa de serviços de saúde reprodutiva, desde contracepção até parto seguro e cuidados de infertilidade.

(*Com informações da ONU News)

Fonte
CNN Brasil
Agro Dália

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