O muçunense Lauriano Zortéa, de 51 anos, reside próximo à ‘Curva da Morte’ e foi um dos manifestantes presentes no ato. Conforme o morador, ele e sua esposa estavam em casa almoçando quando ocorreu o último acidente. “Pelo som da velocidade do caminhão, sabia que iria bater. Só nós olhamos, e logo houve o estrondo. Dessa vez, chegou muito perto da nossa casa”.
Ao descer para ver, Zortéa conta que visualizou o motorista sem vida. “Quantas vidas serão necessárias para que tomem providências? São trabalhadores que saíram de casa e de repente, sem se despedir de suas famílias, não voltam mais”.
Esse incidente foi um dos muitos que já presenciou no trecho. “A manifestação foi realizada por pessoas que veem o quão arriscado é passar por aqui diariamente. Ônibus escolares passam regularmente. Imagine um caminhão desses batendo em um ônibus escolar? A tragédia poderia ser muito maior”, acrescenta.
Tiago, vivenciou um dos acidentes no trecho
Em dezembro do ano passado, o motorista Tiago Giovanella de Oliveira vivenciou um momento de horror no trecho. Ao transportar 30 alunos em seu ônibus escolar, ele estava próximo à Curva da Morte, quando viu um caminhão se aproximando.
“Eu estava parado para deixar uma aluna descer, quando vi um vulto e senti um vento passando ao meu lado. Logo depois, escutamos um estrondo”, relata. Naquela noite, o trecho vitimou mais uma pessoa. Outro acidente envolvendo veículo de carga pesada. “Eu poderia estar andando ainda e sermos atingidos. Foi um livramento divino. “
A falta de sinalização adequada e a alta velocidade são fatores que contribuem para a tragédia, ressalta Tiago. “Transportamos vidas, o amor de cada pai e de cada mãe. Queríamos que tomassem uma providência”.
Manifestação em Muçum cobra solução para o trecho conhecido como “Curva da Morte”
Caminhoneiros, familiares de vítimas, moradores e autoridades se uniram em uma manifestação na manhã do último sábado (06) para exigir uma solução urgente para o trecho conhecido como “Curva da Morte” em Muçum.
A carreata, que percorreu aproximadamente um quilômetro, foi marcada por cruzes de madeira e faixas em mãos, além de um incessante buzinaço, evidenciando a preocupação e a necessidade de mudança no local.
O protesto surge em resposta ao recente acidente fatal que envolveu um caminhão na área, resultando na perda de duas vidas. Exatamente no local onde as vítimas faleceram, foram colocadas cruzes simbolizando a tragédia que ocorreu ali.
A comunidade local e os manifestantes esperam que a mobilização chame a atenção das autoridades competentes para a urgência de medidas que garantam a segurança dos motoristas que trafegam pela “Curva da Morte”, evitando assim novas tragédias.
Relembre o último caso
Por volta das 12h da última quarta-feira (03), um caminhão com placas de Porto Alegre seguia no sentido Vespasiano Corrêa – Encantado quando acabou perdendo o controle e tombou fora da pista, chocando contra rochas, no quilômetro 86 da ERS-129, em Muçum.
O veículo carregava produtos de limpeza. Morreram no local o motorista Henri Edmond Ghabril, de 55 anos, e o caroneiro Kelvin Morais de Moraes, de 23 anos.
Sinalização:
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pela administração da ERS-129 em Muçum, está estudando a implementação de rampas de escape no km 86 da rodovia, local conhecido como “Curva da Morte”, com o objetivo de evitar acidentes de maior gravidade.
A empresa também fará o reforço da sinalização na descida da ERS-129, no sentido Guaporé-Muçum, com a instalação de pelo menos 16 placas, que estão em processo de confecção e devem ser instaladas a partir do final desta semana. As placas irão alertar os motoristas sobre os declives acentuados e a necessidade de redobrar a atenção ao dirigir.
Números do KM 86, da rodovia 129, do trecho conhecido como “Curva da Morte, em Muçum:
2022:
5 acidentes;
6 feridos;
1 óbito.
2023:
7 acidentes;
4 feridos;
1 óbito.
2024:
1 acidente;
2 óbitos.
– Dados levantados pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar de Encantado.