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Complexo Cristo Protetor: Arquiteta cadeirante lidera projeto de acessibilidade

Danielle Lima, arquiteta e cadeirante, usa sua experiência pessoal e profissional para tornar o Complexo Cristo Protetor plenamente acessível a todos.

No Brasil, aproximadamente 17,3 milhões de pessoas com 2 anos ou mais possuem algum tipo de deficiência, representando 8,4% da população nessa faixa etária, conforme dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.

Dentre essas, destacam-se as deficiências físicas e intelectuais, que demandam atenção especial em termos de acessibilidade e inclusão.

Um exemplo inspirador de superação e dedicação à causa da acessibilidade é a arquiteta Danielle Lima, 25 anos, de Porto Alegre. Diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo II, uma doença neuromuscular que compromete a força muscular e a mobilidade, Danielle utiliza cadeira de rodas desde a infância.

Sua condição não a impediu de seguir a carreira de arquiteta e urbanista, tornando-se uma profissional engajada na promoção de espaços inclusivos.

Recentemente, Danielle foi designada pela Associação Amigos de Cristo de Encantado (AACE) para elaborar o projeto de acessibilidade do Complexo Cristo Protetor, localizado no alto do Morro das Antenas, em Encantado, no Vale do Taquari.

O Complexo, que abriga uma estátua de Jesus Cristo, com 43,5 metros de altura, tornou-se um ponto turístico significativo na região, atraindo visitantes de diversas localidades do estado, inclusive de outros países. A inclusão de pessoas com deficiência nesse espaço foi uma prioridade desde o início do projeto.

Danielle Lima destaca que participar desse projeto foi uma experiência enriquecedora, unindo sua vivência pessoal como pessoa com deficiência e sua fé.

“Foi um processo bem legal, porque, como sou uma pessoa com deficiência, tenho esse engajamento, e para mim a espiritualidade também é muito importante. Então, uniu as duas coisas: espiritualidade e acessibilidade, que é o meu enfoque profissional”, afirmou sorridente a jovem.

No desenvolvimento do projeto, diversas soluções foram implementadas para garantir a acessibilidade plena. Uma delas foi a adoção do piso tátil na cor vermelha, escolhida para proporcionar contraste adequado. Danielle explica que essa escolha beneficia não apenas pessoas com deficiência visual plena, mas também aquelas com baixa visão, auxiliando na orientação e deslocamento seguro até o monumento.

“As pessoas que apresentam baixa visão, precisam desse contraste ‘vermelho’ para saber o encaminhamento mais adequado até o Cristo”, esclareceu.

Além do piso tátil, o Complexo conta com barras de apoio, sanitários acessíveis e sinalização em braile. As rampas foram projetadas para atender tantas pessoas com deficiência física quanto visual, garantindo que todos se sintam acolhidos e seguros no espaço.

A arquiteta, mestranda em Design Estratégicos pela Unisinos, em Porto Alegre, enfatiza que todas as soluções foram pensadas para tornar o local plenamente acessível e convida os visitantes a contribuírem com sugestões de melhorias futuras.

“Acredito que não há obstáculos significativos. Todas as soluções foram pensadas para que fosse um local acessível. Então, até peço que futuramente, se alguém vier e notar algo que ainda pode ser melhorado, me contate, porque a minha ideia enquanto arquiteta é promover as soluções e também futuramente adequar, caso seja necessário, para essas pessoas”, afirmou.

A experiência pessoal de Danielle como cadeirante influenciou diretamente sua abordagem no projeto. Ela relata que, por ter uma deficiência congênita, enfrentou diversas barreiras de acessibilidade ao longo da vida, especialmente em patrimônios históricos que, muitas vezes, não são adaptados.

Essa vivência a motivou a buscar soluções que garantam a inclusão de todos nos espaços públicos e privados. “Com certeza, sim. A minha deficiência é congênita, é de nascença, então há vários locais que frequentei, principalmente patrimônios históricos, que não são acessíveis, infelizmente’, comentou.

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Fonte
Texto e fotos: Luciano Nagel/ AACE

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