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#ColunaDaMari | Saúde pública, promessas e responsabilidades

Vocês já ouviram falar em parcerias público-privadas? São contratos que unem o setor público e o privado para realizar e gerir serviços de interesse coletivo — especialmente na infraestrutura e na saúde. As PPPs permitem atrair capital e gestão mais eficiente para projetos que dificilmente sairiam do papel com recursos públicos. E é exatamente assim que funciona boa parte dos serviços de saúde em Encantado e no Brasil. Em época de eleição, candidatos a prefeito e vereadores prometem mundos e fundos — muitas vezes por má-fé, outras por desconhecimento dos limites do poder público. Promessas na área da saúde, então, são abundantes, porque é o tema que mais mobiliza o eleitor. Mas será que quem tanto cobra sabe o que realmente é de responsabilidade do Município? O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição de 1988, garante acesso universal e gratuito à saúde. Na teoria, cobre tudo: consultas, exames, internações, cirurgias e até transplantes. Também inclui ações preventivas, vigilância sanitária e vacinação. No papel, é lindo. Na prática, todos sabemos que o sistema está longe da perfeição. Vale lembrar: saúde é dever compartilhado entre União, Estados e Municípios. Aos prefeitos, cabe garantir o atendimento básico e aplicar políticas públicas locais — com recursos próprios que devem ser, por lei, no mínimo 15% da receita. Encantado investe quase 25%. E aqui chegamos ao assunto da semana em nosso “Pequeno Paraíso”: a decisão da Prefeitura de Encantado de encerrar o contrato com o PA+, que funciona como reforço emergencial ao Hospital Beneficente Santa Terezinha (HBST). A medida busca equilibrar as contas e concentrar os atendimentos na estrutura definitiva do hospital e das Unidades Básicas de Saúde, que vêm recebendo melhorias — muitas delas viabilizadas por emendas parlamentares.

25% dos pacientes não compareceram às consultas

Bastou a notícia ser divulgada para chover críticas, muitas delas de quem não compreende a situação ou age por conveniência política. Críticas à saúde sempre existirão — e, convenhamos, em Encantado, 90% vêm das mesmas pessoas. Alguns acham que tudo deve ser gratuito; outros esquecem que o sistema depende de todos nós. Hoje o município tem sete UBS em funcionamento, além do CAPS. Em setembro, foram 5.601 consultas agendadas — e 1.441 faltas. Ou seja, mais de 25% dos pacientes simplesmente não apareceram. Um desperdício de dinheiro público e um desrespeito com quem realmente precisa de atendimento. Mas isso, claro, pouca gente comenta.

Sexta-feira da cura

Quem me conhece sabe que tenho um hábito curioso: passo quase todos os dias pelo hospital “para olhar o movimento”. E posso afirmar — aqui existe o fenômeno da “sexta-feira da cura”. É impressionante como a demanda despenca na sexta e no fim de semana, voltando com força na segunda-feira. Adivinhem quem leva a culpa? O poder público, é claro. Por isso, deixo um convite à reflexão. Se o atendimento público está tão ruim, por que não buscar um plano de saúde? Muitos reclamam da falta de pediatras, mas gastam fortunas em festas infantis — dinheiro que pagaria anos de um plano básico. Me julguem, mas repito: nada vem de graça. É hora de parar de esperar tudo do poder público e fazer a própria parte. A saúde pública evoluiu muito — e cabe a nós reconhecer isso. Temos direitos, sim. Mas também temos deveres.

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