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Brasileiros denunciam condições desumanas em centro de detenção nos EUA

Imigrantes relatam más condições de higiene, alimentação escassa e tratamento agressivo em antiga prisão na Louisiana

Brasileiros detidos no Centro de Processamento de Pine Prairie, uma ex-prisão na Louisiana (EUA), denunciam condições desumanas e tratamento agressivo por parte dos agentes. O local, administrado pela empresa privada GEO, opera para o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) e já foi alvo de críticas por violações de direitos humanos.

Relatos de maus-tratos e alimentação precária

Imigrantes brasileiros que passaram pelo centro denunciam que as instalações são insalubres, com alimentação escassa e de baixa qualidade.

“Eles nos tratam aqui como animais”, disse Nelson (nome fictício), em entrevista à DW. “Eu choro todos os dias e só quero a minha liberdade.”

Além da alimentação insuficiente, há denúncias de que a água disponível possui gosto de cloro e coloração amarelada. A comida, muitas vezes, é considerada imprópria para consumo, e detidos relatam perda de peso significativa.

“A cada dia eu só vou perdendo mais quilos, porque a comida que eles dão não sustenta”, afirmou Nelson.

Condições precárias e falta de cuidados básicos

Os brasileiros relataram que, em muitos casos, usam a mesma muda de roupa diariamente, incluindo peças íntimas. A falta de cobertores, lençóis e toalhas também é um problema recorrente.

Durante os primeiros dias de detenção, os imigrantes são mantidos em salas de triagem lotadas, dormindo no chão. Posteriormente, são encaminhados para celas isoladas ou dormitórios com cerca de 70 homens.

“A cela estava imunda, e nós mesmos limpamos tudo. Tinha muita poeira e cheiro de mofo”, contou Joaquim (nome fictício), que passou seis dias sem ver a luz do dia.

Problemas de saúde e agressões

A falta de assistência médica é uma das principais queixas. Os detidos afirmam que o ambiente fechado provoca doenças respiratórias, e que o tratamento é inadequado.

“Estou mal, com garganta inflamada, catarro, febre e dor de cabeça”, relatou Alberto (nome fictício).

Outro problema recorrente é a comunicação precária com familiares e advogados. Além disso, a presença de guardas que falam apenas inglês dificulta ainda mais o pedido de ajuda.

Empresa nega irregularidades

O grupo GEO, que administra o centro desde 2015, afirmou que segue todas as normas federais e que suas operações são regularmente monitoradas. No entanto, organizações de direitos humanos, como a Robert F. Kennedy Human Rights (RFK), já recomendaram o fechamento das instalações devido às violações documentadas.

O Itamaraty informou que realiza visitas periódicas aos centros de detenção para garantir o tratamento adequado aos brasileiros, mas não se posicionou sobre os casos específicos de Pine Prairie.

Contexto das detenções

A situação ocorre em meio ao aumento das operações de busca por imigrantes indocumentados nos EUA. Desde 2024, a política migratória do país tem se tornado cada vez mais rigorosa, refletindo em um número crescente de prisões e deportações.

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