Grupo de advogados é investigado por fraudes em nome de mortos e pessoas vulneráveis no RS
Esquema pode ter causado prejuízo de até R$ 50 milhões com uso de documentos falsos e ajuizamento em massa de ações judiciais

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Malis Doctor, que investiga um grupo de advogados suspeito de aplicar golpes envolvendo ações judiciais fraudulentas em nome de clientes, muitos deles idosos, aposentados e servidores públicos. Os prejuízos podem ultrapassar R$ 50 milhões.
O foco da operação é um advogado com histórico de mais de 100 mil processos no Tribunal de Justiça do RS (TJ-RS), que chegou a ajuizar 581 ações em um único dia. Segundo a investigação, ele atuava por meio da empresa Pro Consumer, que seria responsável por cooptar vítimas e usar seus dados sem consentimento.
Esquema incluía assinaturas falsas e uso de procurações de mortos
Entre os casos apurados:
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Assinatura de documentos por pessoas já falecidas
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Uso de procurações em nome de pessoas em estado vegetativo
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Distribuição de dezenas de processos sem conhecimento dos supostos autores
Em um dos episódios, uma procuração teria sido assinada dois meses após a morte da pessoa. Em outro, um homem em estado vegetativo desde 2022 teve duas procurações registradas em 2023.
Estrutura do grupo e atuação
Segundo o delegado Vinícius Nahan, responsável pela apuração, o grupo era estruturado em três núcleos:
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Núcleo jurídico: advogados que ajuizavam as ações
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Núcleo de captação: empresas que contatavam os clientes
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Núcleo financeiro: contadores e sócios que gerenciavam os valores obtidos
As ações ajuizadas tratavam, em sua maioria, de revisões de juros em empréstimos consignados. Os alvarás judiciais liberavam valores que, em vez de irem às vítimas, eram desviados pelo grupo.
Crimes investigados
O grupo é suspeito dos seguintes crimes:
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Estelionato
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Falsidade ideológica
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Falsificação de documentos
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Fraude processual
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Patrocínio infiel
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Apropriação indébita
A polícia cumpre mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e apura pelo menos 15 inquéritos, alguns solicitados pela Justiça e outros por instituições bancárias.