Dos 99 mortos identificados em megaoperação no RJ, 78 tinham antecedentes criminais
Polícia Civil aponta que 42 estavam foragidos e 39 eram de outros estados; governo diz que Penha e Alemão viraram base nacional da facção

A Secretaria de Segurança do Rio divulgou nesta sexta-feira (31) que 99 dos 117 mortos na megaoperação contra o Comando Vermelho já foram identificados, sendo que 78 tinham histórico criminal e 42 estavam foragidos. A ação ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão e envolveu 2,5 mil agentes.
Perfil dos mortos
Entre os mortos, 39 são naturais de outros estados, o que, segundo a Polícia Civil, reforça a função dos complexos da Penha e do Alemão como quartel-general nacional da facção. Os estados com mais identificados são:
-
Pará (13)
-
Amazonas (7)
-
Bahia (6)
-
Ceará e Goiás (4 cada)
-
Espírito Santo (3)
-
Mato Grosso e Paraíba (1 cada)
Chefes regionais mortos
Entre os nomes mais conhecidos estão traficantes apontados como chefes do Comando Vermelho em outras regiões:
-
“Chico Rato” (AM)
-
“DG” e “FB” (BA)
-
“Rodinha” e “Fernando Henrique” (GO)
-
“Mazola” (BA)
-
“Gringo” (AM)
-
“PP” (PA)
-
“Russo” (ES)
Treinamento e envio para outros estados
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, os complexos serviam como centro de formação armada para criminosos, que passavam por treinamentos e depois eram enviados de volta para seus estados de origem, como forma de expansão da facção.
Balanço da operação
A ofensiva contra o Comando Vermelho durou três dias e teve como alvos principais mandados de prisão e busca contra lideranças da facção. A megaoperação deixou:
-
121 mortos: 117 suspeitos e 4 policiais
-
113 presos, sendo 33 de outros estados
-
91 fuzis e mais de 1 tonelada de drogas apreendidos
-
10 menores apreendidos
Mortes em confronto
Boa parte dos corpos foi encontrada na Serra da Misericórdia, onde ocorreram confrontos intensos. Moradores relataram que dezenas de corpos foram levados até a Praça São Lucas para reconhecimento.
“Nunca vi isso. Vai ser difícil esquecer”, disse uma moradora. “Parece uma tragédia natural, como tsunami ou terremoto”, relatou outro habitante.
Principal alvo fugiu
O traficante Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, considerado o chefe do Comando Vermelho em liberdade, conseguiu escapar do cerco. Segundo a Secretaria de Segurança, ele usou outros membros da facção como escudo para fugir.
O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil de recompensa por informações sobre o paradeiro do criminoso.
Situação no IML
O Instituto Médico-Legal concluiu a necropsia de ao menos 80 corpos até esta quinta-feira (30). A Defensoria Pública tentou acompanhar os procedimentos, mas foi impedida de entrar nas salas de perícia — o caso está sendo levado ao STF.






