Reajuste médio de preços de medicamentos fica abaixo da inflação
Índice de reajuste anual variou entre 2,60% e 5,06%, com média de 3,48%, menor que o IPCA de 5,06%

O reajuste médio dos medicamentos em 2025 será de 3,48%, abaixo da inflação geral (IPCA) de 5,06% acumulada entre março de 2024 e fevereiro de 2025. Os percentuais, calculados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), foram publicados no Diário Oficial da União desta segunda-feira (31/03/2025).
Menor reajuste médio dos últimos sete anos
De acordo com Nelson Mussolini, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), o índice pode impactar investimentos no setor:
“Será o menor reajuste médio dos últimos sete anos, o que pode afetar os investimentos da indústria farmacêutica no país em pesquisa, desenvolvimento e modernização de fábricas.”
O setor farmacêutico é o único segmento de bens de consumo regulado pelo governo, podendo reajustar os preços apenas uma vez ao ano para compensar os aumentos de custo. Historicamente, os reajustes de medicamentos acumulam variação inferior ao IPCA.
-
De 2015 a 2025, o IPCA somou 74,90%, enquanto os preços dos medicamentos aumentaram 73,40% no mesmo período.
Tributação e desafios do setor
-
Carga tributária dos medicamentos pode chegar a 32% do preço final.
-
No programa Aqui Tem Farmácia Popular, medicamentos para hipertensão e diabetes são vendidos por valores de reembolso que não são reajustados desde sua criação e até foram reduzidos.
Mussolini argumenta que, devido à concorrência, alguns medicamentos poderiam ter preços liberados, como já ocorre com os medicamentos isentos de prescrição (MIPs), que não estão sujeitos ao controle de preços.
Pesquise antes de comprar
O reajuste pode ser aplicado a partir de 31/03/2025, afetando cerca de 10 mil apresentações de medicamentos. No entanto, a variação dos preços não é automática, pois depende da concorrência entre fabricantes e estratégias comerciais.
“O consumidor deve pesquisar preços, pois os aumentos podem demorar meses para acontecer ou nem ocorrer”, recomenda Mussolini.
Cálculo do reajuste
A fórmula usada pela CMED considera três fatores:
-
IPCA (inflação): 5,06%
-
Fator X (produtividade do setor): 2,46%
-
Fator Y (custos não captados pelo IPCA, como energia e câmbio): 0%
-
Fator Z (concorrência no mercado):
-
Nível 1 (alta concorrência): 2,46%
-
Nível 2 (média concorrência): 1,23%
-
Nível 3 (baixa concorrência): 0%
-
📌 Medicamentos isentos de prescrição, como analgésicos, antigripais e descongestionantes, não seguem esse reajuste e têm preços livres.