Dólar cai 1,1%, a R$ 6,04, e Ibovespa sobe 0,13% em dia de mercado fechado nos EUA
Investidores ainda repercutem notícias sobre plano de tarifas de Trump, que podem afetar economias exportadoras e acelerar inflação norte-americana
O dólar à vista fechou em queda nesta quinta-feira (9), em um dia marcado por cautela, já que os mercados dos Estados Unidos estão fechados devido o funeral do ex-presidente Jimmy Carter, enquanto investidores repercutem falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
“Os dados apontam para uma perda de tração do consumo de bens, depois de vários meses de sólido crescimento, mas temos que avaliar esse dado com cautela”, afirmou o economista Rodolfo Margato, da XP, em comentários.
“É importante acompanharmos as próximas divulgações mensais para analisarmos se essa queda do varejo foi algo mais pontual ou se isso significa o início de uma outra tendência para o setor, nesse caso, de um enfraquecimento.”
Nas primeiras sessões de 2025, o foco dos investidores tem se direcionado para o cenário externo, uma vez que se aproxima o início do novo governo de Donald Trump nos EUA, com a posse do presidente eleito em 20 de janeiro.
Com o fechamento dos mercados nos EUA devido ao funeral de Carter, que faleceu em 29 de dezembro aos 100 anos, as negociações devem exibir pouca volatilidade nesta quinta, em meio à falta de impulsos externos e domésticos.
Nesta semana, por outro lado, a moeda norte-americana tem oscilado entre fortes ganhos e perdas, à medida que os mercados globais digerem as últimas notícias sobre os planos tarifários de Trump, com os agentes financeiros receosos quanto ao potencial inflacionário de suas medidas.
O dólar avançou sobre uma série de moedas na véspera, incluindo o real, sendo que o presidente eleito está considerando declarar emergência econômica nacional como justificativa legal para a imposição de tarifas sobre aliados e adversários.
A divisa dos EUA havia registrado forte recuo na segunda-feira (6), quando o The Washington Post informou que assessores de Trump estariam explorando planos para impor tarifas apenas sobre importações de setores críticos para o país.
“Estamos vendo o dólar extremamente forte lá fora. Mas se surgirem dados de emprego ou de inflação mais fracos nos EUA, ou se o (presidente eleito, Donald) Trump não fizer o que se imagina em matéria de elevação de tarifas, há espaço para o dólar dar uma recuada no exterior, em direção a 106 ou 105”, avaliou durante a tarde o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em referência às cotações do dólar index, que compara a moeda norte-americana a uma cesta de divisas fortes.
“Isso poderia levar a uma valorização adicional do real, em direção a (um dólar de) 5,90 reais, caso não surjam notícias negativas por aqui”, acrescentou.
A percepção de economistas é de que as promessas de Trump, que também incluem cortes de impostos e controle rígido da imigração, podem ser inflacionárias, o que manteria os juros elevados nos EUA e elevaria os rendimentos dos Treasuries, favorecendo o dólar.
O índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,12%, a 109,150.
Os mercados globais também seguem de olho em novos dados sobre a economia norte-americana, com números sobre o mercado de trabalho sendo o foco da semana. Na sexta-feira (10), será divulgado o relatório de emprego para dezembro.
Indicadores recentes têm apontado para a resiliência da economia dos EUA, com um mercado de trabalho saudável e uma inflação ainda acima da meta de 2% do Federal Reserve, reduzindo as expectativas de cortes na taxa de juros pelo banco central norte-americano neste ano.
“Existe preocupação em relação ao mercado de trabalho, que segue aquecido, com a inflação, que retornou, mas desacelerou a queda, e também sobre as políticas do governo Trump em relação às tarifas”, disse Marcos Weigt, head de Tesouraria do Travelex Bank.
Operadores precificam 93% de chance de que as autoridades mantenham os juros na primeira reunião deste ano, com pouco mais de 40 pontos-base acumulados de cortes esperados até o fim do ano, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Com informações da Reuters