Cali Schaffer

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Estamos todos indignados com o precário fornecimento de energia elétrica que nos é fornecido pelas concessionárias. O Estado todo está revoltado. Como o poder público têm tradição em prestar péssimos serviços à população, sempre pensamos e queríamos que se transferisse a empresas particulares esse serviço. Pois não é que atendida essa nossa exigência a coisa piorou? Antes, pelo menos, a gente podia reclamar para algum político, que nos atendia. Agora, ficamos horas ao telefone apertando botõezinhos, ouvindo música ruim, esperando por uma resposta que nunca vem.
Não quero ser (muito) pessimista, mas se alguém pensa que esse problema de energia elétrica que nos afeta vai ser resolvido rapidamente, esqueça. Vou contar uma história para vocês.
No dia 10 de abril de 1958 esteve em visita a Encantado o então governador do Estado, Eng. Ildo Meneghetti. Na ocasião, um grupo de líderes da região tratou com o governador de questões então relacionadas à eletrificação da zona rural. A comissão era integrada pelas seguintes pessoas: Deputado João Batista Marchese, Armando Luiz Reali, Albino Maziero, Jorge Moreira, Miguel Luiz Pretto e João Alberto Schäffer, todos de Encantado, e mais os Srs. Danúncio Rotta, prefeito de Roca Sales, Alfredo Macagnan, Arlindo Deves, Arnesto Dalpian, Pe. José Finetto, Vigário de Nova Bréscia,, o Deputado Antonino Fornari, de Arroio do Meio, e o Sr. Loreno Gracia, Vice-prefeito de Bento Gonçalves. O objetivo era tratar sobre eletrificação rural desses municípios. Marchese fez uma exposição ao governador da calamitosa situação em que se encontrava a zona rural da região em razão da falta de energia elétrica, dando a conhecer a ele que acabava de ser fundada, em Encantado uma Cooperativa de Eletricidade, cujo nome era Nossa Senhora de Fátima. Propunha-se a fornecer luz a toda a zona rural dos municípios de Roca Sales, Arroio do Meio e Encantado.
No entanto, para que a Cooperativa funcionasse, era necessária autorização do governo. O governador ficou entusiasmado com o novo plano, e para dar e receber maiores esclarecimentos convocou para a reunião o Eng. Chefe da C.E.E.E, a fim de que prestasse à comitiva presente maiores informações a respeito.
Na presença da Comissão, o Dr. Mário Lannes da Cunha fez ampla exposição das dificuldades em trazer luz até Encantado antes do fim daquele ano, pelo fato de o Banco do Brasil ter negado licença para a importação de vários transformadores que seriam utilizados para tal fim, que somente deveriam ser recebidos pela Companhia no mês de outubro do ano em curso. Dessa forma, os trabalhos finais para que a luz chegasse até Encantado só deveriam estar concluídos ao final do ano.
A justificativa dada pelo burocrata diante do governador não tinha nada a ver com a autorização para a Cooperativa funcionar. Depois desse contato feito pelas autoridades citadas ao próprio governador do Estado, que se interessou, nunca mais se ouviu falar sobre o assunto, que foi enviado para as calendas gregas.
Entre os dias 2 de agosto e 8 de outubro de 1965, meu pai, João Alberto Schäffer, na qualidade de presidente da Associação Comercial, enviou ao presidente da Assembleia e ao governador do Estado telegramas reclamando. Um deles foi esse que segue: “Na qualidade presidente da Associação Comercial de Encantado comunico vossência povo este município revoltado et indignado face constantes aumentos energia elétrica pt apelamos representantes povo para que tomem providências drásticas se necessário for pois povo não suporta mais aumentos constantes custo vida pt enquanto governo federal apela industrias comercio estabellização preços governo estado permite aumentos brutais como acionista ceee. Façam também algo pelo povo srs deputados., João Alberto Schäffer – Presidente”
Já passaram 66 anos. Mudou alguma coisa? Não. E levando em consideração as novas tecnologias que se criaram no decorrer desse tempo, penso que a coisa piorou. E muito.
Se não acontecer uma pressão fortíssima, muito vigorosa, de todas as nossas chamadas “forças vivas”, na busca de uma solução definitiva para esse vergonhoso problema, é bem possível que venhamos a comemorar sem solução alguma o centenário dessa inépcia.
Não vou estar aqui no ano de 2058 para participar da festa, mas quero deixar desde já antecipados os meus “cumprimentos” aos incompetentes proprietários dessas empresas pela comemoração do centenário dessa ignomínia”.

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