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Impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul

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O Rio Grande do Sul sofre frequentemente com desastres climáticos, representando quase 20% dos prejuízos causados por eventos naturais na economia brasileira nas últimas três décadas. A recente enchente afetou 90% dos municípios, atingindo mais de 2 milhões de pessoas e desabrigando cerca de 5% da população gaúcha. As chuvas danificaram vastas áreas agrícolas, afetando a safra atual e comprometendo a logística de entrega e escoamento da produção.

Os setores industrial e de serviços também foram impactados, com empresas paralisadas, perda de bens materiais e capital, fechamento temporário de estabelecimentos e aumento do desemprego. A calamidade pode influenciar variáveis macroeconômicas do país, como a inflação de alimentos devido aos impactos no agronegócio e o aumento do déficit do governo devido à necessidade de investimento na reconstrução.

O custo estimado para a reconstrução é incerto, mas algumas projeções indicam valores entre R$ 110 bilhões e R$ 174,4 bilhões, enquanto o governo anunciou o direcionamento de cerca de R$ 65 bilhões até o momento. A reconstrução exigirá esforços coordenados e investimentos inteligentes e sustentáveis para garantir um futuro resiliente e próspero. O Brasil registrou um prejuízo de R$ 502,438 bilhões nos últimos 30 anos devido a eventos climáticos extremos, com destaque para o aumento de 300% nos eventos hidrológicos. Foram 23 mil ocorrências de alagamentos, enxurradas e inundações nesse período.

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Histórico de enchentes no Rio Grande do Sul 
Tendo como referência o nível d’água do Lago Guaíba, consideramos abaixo as principais enchentes ocorridas no estado.
A incidência aumentou nas últimas décadas:

1941 – 4,76m
1967 – 3,13m
1974 – Inauguração do Muro da Mauá implementando um sistema de drenagem e contenção
1984 – 2,5m
2002 – 2,46m
2015 a 2023 níveis entre 2,65m a 3,46m
2024 – 5,33m

Níveis das enchentes de 1941 e 2024

CAUSA DAS ENCHENTES

O principal vetor das enchentes é o fenômeno natural El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das
águas do Oceano Pacífico. No Brasil, ele ocasiona secas prolongas nas regiões Norte e Nordeste e chuvas
intensas e volumosas no Sul.

A intensificação e concentração das chuvas no Rio Grande do Sul causou enchentes severas no estado, trazendo sérios impactos para a população. Este fenômeno meteorológico resulta de diversos fatores climáticos, incluindo frentes frias, sistemas de baixa pressão e a atuação de corredores de umidade provenientes da Amazônia, que convergem sobre o estado. As chuvas torrenciais comprometem infraestruturas urbanas e rurais, provocam deslizamentos de terra, alagamentos e danificam propriedades, além de ocasionar perdas agrícolas significativas.

Top 5 – Maiores pluviosidades registradas nas estações automáticas do INMET

Município Maio
Serafina Corrêa 664,4
Soledade 627,6
Canela 594,2
Bento Gonçalves 589,2
Cambara do Sul 560,8

Na terceira semana de maio de 2024, mais de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes no estado, com 657 mil desalojadas, superando a população de oito capitais brasileiras. Além disso, 190 mil pontos estão sem energia e 159 mil sem água, enquanto 320 municípios enfrentam situação de emergência e 46 estão em calamidade pública.

REGIÕES MAIS AFETADAS

Serra Gaúcha: Fortes chuvas causam deslizamentos e escoam pelos rios em direção ao sul e oeste do estado.
Região dos Vales: No Vale do Rio Taquari, cidades como Muçum e Roca Sales foram destruídas por correnteza.
Região Metropolitana: Enchentes nas margens do Guaíba também atingem cidades como Canoas e São Leopoldo.
A cidade mais atingida foi Eldorado do Sul, com 98% da sua área tendo sido inundada.

Total das regiões mais afetadas 184 municípios 62% do PIB estadual

Vale do Taquari
• 41 municípios
• Pecuária de avicultura, suínos e leiteira;
• Indústria de bebidas, metalúrgica, moveleira e têxtil;
• Agroindústria de alimentos em conserva e embutidos.
• 4% do PIB estadual

Vale do Rio Pardo
• 22 municípios
• Indústria tabagista, de
alimentos, bebidas;
• Indústria gráfica e editorial;
• Agroindústria.
• 4% do PIB estadual

Serra Gaúcha
• 26 municípios
• Indústria metalmecânica, moveleira,
produção de alimentos típicos, vitivinicultura e turismo.
• 11% do PIB estadual

Vale do Rio dos Sinos
• 14 municípios
• Indústria calçadista, bem como
toda a cadeia de produção,
química e de componentes;
• Indústria têxtil.
• 12% do PIB estadual

Região Metropolitana de Porto Alegre
• 81 municípios
• Indústria petroquímica, automobilística,
metalúrgica, de TI e de alimentos e bebidas.
• 31% do PIB estadual

IMPACTOS NO AGRONEGÓCIO

Os prejuízos na agricultura do Rio Grande do Sul devido às enchentes de 2024 podem ultrapassar R$ 2 bilhões, principalmente nos grãos. A oferta de arroz, que domina o mercado nacional, sofreu perdas de até 14% da safra, enquanto a soja, crucial para a produção agropecuária e exportações, também foi severamente afetada. Embora o impacto no milho seja menor, com perdas abaixo de 1% do VBP agropecuário, a deterioração das propriedades, problemas logísticos e a necessidade de racionar recursos comprometem a produtividade futura e a manutenção dos animais.

Agro Dália

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