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Muçum: Há décadas sem solução, “Curva da Morte” segue fazendo vítimas

O Jornal Força do Vale procurou especialistas para buscar soluções aos acidentes frequentes no trevo secundário de acesso a Muçum e ouviu as autoridades para saber quais medidas estão sendo tomadas.

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Um grave acidente destruiu um caminhão e vitimou o motorista. Motorista de Santa Tereza morre em acidente de trânsito. Caminhoneiro fica ferido… Acidente entre dois veículos deixa uma pessoa morta. Motociclista morre em acidente. Dois morrem em acidente. Colisão causa morte e deixa quatro feridos. Caminhoneiro perde o controle, bate em rochedo, e morre.

Cada frase dessas que você leu acima é o título de matérias veiculadas pela imprensa local e regional ao longo de quase uma década. Todas essas, no entanto, não representam o total de fatalidades. Há inúmeras delas.

Notícias que vêm carregadas de dor, de sentimentos de perda e de impotência diante da fragilidade do trajeto de pouco menos de um quilômetro, na ERS-129, no local conhecido por “Curva da Morte”.

A descida íngreme com curva à esquerda, em meio ao trevo de acesso secundário à cidade de Muçum, já presenciou a perda de controle de inúmeros veículos, em especial, caminhões.

Paredão de rochas acolhe uma capelinha de Nossa Senhora, instalada nesse local para proteger os motoristas que por ali trafegam.

O acidente mais recente ocorreu semana passada, quando um caminhão ficou totalmente destruído após o motorista perder o controle do veículo e tombar. Apenas destroços permaneceram no local.

Veiculada nas redes sociais do Jornal Força do Vale, a notícia gerou comentários públicos na postagem, e algumas delas chamaram a atenção por conta da sugestão dada como alternativa ao reforço da segurança do trajeto: construir uma área de escape.

“Esse lugar teria que ter uma área de escape com brita”, escreveu o mecânico Márcio Scatolla. “Área de escape resolve o problema”, completou Fernando Dadalt. “Cadê os governantes, que até agora não tomaram nenhuma providência, com uma área de escape?”, questiona Edegar Bizarro. “Muitas pessoas já deixaram a vida nessa curva!”, lamenta Alexandre Chaves.

As sugestões desses seguidores do Força do Vale nas redes sociais vieram ao encontro do que foi apresentado como alternativa técnica pelo supervisor de obras de grande porte, como rodovias e usinas hidrelétricas, Artur Lopes de Souza.

Segundo ele, a única medida que resolveria o problema seria a instalação de uma caixa de brita. “Um escape que se faz no final da reta, antes de entrar na curva”, explica.

 

Conforme Lopes, quando o caminhão está em alta velocidade, dificilmente consegue entrar de lado na curva, e se os motoristas conseguirem segurar os caminhões em linha reta, entram ali e param, sem se acidentar”, completa o supervisor.

Lopes considera que se trata de uma obra de valor elevado, por necessitar de escavação nas rochas, mas pontua que é a única que pode solucionar parte do problema.

“Essas áreas de escape são uma tendência a ser feita em todas as estradas que possuem grandes trechos em descida seguidos de curva acentuada”, complementa. “Imagina um tobogã. Quando você entra na caixa de brita, amortece a velocidade.”

Ilustração do Jornal Força do Vale mostra o trevo secundário de Muçum, local onde ocorrem os acidentes, com possível localização da área de escape defendida por especialistas.

EGR argumenta que já reforçou a sinalização

Contatada pela reportagem, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), concessionária da rodovia pedagiada, enviou comunicado informando que já realizou o reforço na sinalização horizontal e vertical no trecho do quilômetro 83 ao quilômetro 95,  intensificando as orientações para uso de freio por causa dos aclives acentuados na região.

Além disso, a empresa destaca que alerta constantemente os motoristas para que não adotem condutas imprudentes e trafeguem dentro dos limites de velocidade indicados pelas placas orientativas presentes no segmento viário, justamente em razão da descida e da curva existente nesse ponto da ERS-129.

Para Artur Lopes, o mais importante é pensar em alternativas. “Depois, tem que ser feito um estudo de viabilidade da obra”, completa.

”Só a sinalização não resolve“

Para Lopes, essas medidas são extremamente importantes e vão contribuir muito com o reforço da segurança para os motoristas. Porém, destaca que só a sinalização não resolve todos os problemas.

“O reforço na sinalização deve vir acompanhado de uma medida mais efetiva na prática, como é o caso da área de escape, pois mesmo que o motorista tome todos os cuidados e trafegue nos limites de velocidade, há os riscos de problemas mecânicos que, sabemos, podem acontecer; e quando acontecem ali é quase uma sentença de morte”, completa.

 

Áreas de escape têm sido utilizadas para evitar acidentes com caminhões desgovernados.

Segundo Lopes, área de escape deve ser instalada após a ponte (no sentido Vespasiano Corrêa – Muçum), para caminhões que porventura não consigam vencer a curva. No local existem grandes rochas que precisariam ser removidas.

 

Prefeito Trojan avalia ser solução ideal

Mateus Trojan, prefeito de Muçum

O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, concorda que essa seria a solução ideal para esse trecho.

“É um trajeto muito íngreme e a tendência de os motoristas perderem a capacidade de controle do veículo e do freio é grande, independentemente da velocidade, e mesmo com a sinalização e os obstáculos, é difícil controlar. Uma área de escape seria uma solução plausível para evitar acidentes com morte”, avalia.

Obra de interseção

A EGR também informa que iniciará o processo licitatório para a construção de uma interseção de acesso ao município de Muçum, no quilômetro 83 da estrada.

“Uma obra que irá qualificar a circulação de veículos e viabilizar o melhor deslocamento para os usuários que forem acessar a cidade”, informa a assessoria de imprensa da empresa.

Dossiê sobre o trecho

O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, relata as inúmeras reuniões já realizadas com o Daer e com a EGR, sobre esse trecho da rodovia. Antes de comandar o município, Trojan foi vereador e, como tal, chegou a elaborar um dossiê contendo fotos e relatos dos acidentes, mostrando o alto índice de mortalidade no trecho.

“Inclusive, naquela época foi aberto um processo administrativo no Daer, mas nunca tivemos retorno”, recorda.

Plano de Concessões

A expectativa do prefeito é que alguma obra de melhoria seja incluída no plano de ação da nova concessão da rodovia. “Estamos aguardando os próximos passos do Estado”, resume.

O prefeito destaca que, embora o município trabalhe para resolver esse problema, não tem autonomia nem o domínio do trecho para realizar qualquer intervenção, sob pena de processo judicial pelo Estado.

Agro Dália

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