Os anticorpos neutralizantes são responsáveis por proteger nossas células do Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19. Contudo, eventualmente a quantidade deles cai em diferentes taxas, que variam de pessoa para pessoa.
De acordo com uma pesquisa publicada no último dia 23 de março na consagrada revista The Lancet, a imunidade pode durar de dias até décadas depois que uma pessoa é infectada pelo vírus. Os estudiosos de Singapura que trabalham no National Center for Infectious Diseases (NCID) e na Agência para Ciência, Tecnologia e Pesquisa (A*STAR), acompanharam 164 pacientes por seis a nove meses, os quais haviam contraído o coronavírus. Através de exames de sangue corriqueiros, eles mediram a quantidade de anticorpos que haviam sido desenvolvidos contra o agente infeccioso, além da parcela de células de defesa T e de moléculas sinalizadoras no sistema imunológico.
As estimativas finais foram:
- 11,6% dos pacientes nunca desenvolveu anticorpos neutralizantes detectáveis;
- 26,8% produziu anticorpos, mas níveis caíram muito rapidamente;
- 29% também produziram, mas com declínio lento, chegando a níveis não detectáveis apenas 6 meses depois;
- 31,7% teve queda nas taxas após os 6 meses;
- 18% não apresentaram declínio, mas um aumento acentuado de anticorpos após um tempo mais prolongado;
- Todos exibiam imunidade por células de defesa T por seis meses após a infecção.
A imunidade pelos linfócitos T, que reconhecem fragmentos das proteínas (“as coroas”) do Sars-CoV-2, representa que essas células conseguem defender o corpo até quando há poucos anticorpos. As também conhecidas como proteínas spike são utilizada pelo vírus para entrar nas células saudáveis.
“Isso enfatiza a importância da saúde pública e medidas sociais na resposta contínua a um surto de pandemia. No entanto, a presença de imunidade de células T oferece esperança de proteção de longo prazo, o que exigirá mais estudos e tempo para que as evidências epidemiológicas e clínicas se confirmem”, afirma em comunicado o coautor do estudo, David Lye, diretor do Escritório de Treinamento e Pesquisa em Doenças Infecciosas do NCID.A variação na imunidade individual pode ajudar os cientistas a construir uma política de vacinação mais eficiente, caso a imunização ofertada pelas vacinas varie assim como a dos anticorpos produzidos naturalmente.