O avanço da infestação de gafanhotos para mais municípios no Interior do Rio Grande do Sul poderá exigir a pulverização química em algumas regiões.
A aplicação pode ser necessária devido a condições climáticas favoráveis ao aumento do número de insetos, mas ainda esbarra em aprovação legal do Ministério da Agricultura e questões técnicas.
Infestações
Além de São Valério do Sul e Santo Augusto, na região Celeiro do Estado, há relatos de infestações em Bom Progresso e Coronel Bicaco. Nas duas primeiras cidades, os insetos teriam atacado 5% de uma lavoura, de acordo com Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria de Agricultura do Estado.
Gafanhoto nativo
Apesar de o Estado já estar preparado para uma ação desde junho, quando havia ameaça de ingressar na Fronteira Oeste a temida nuvem de Schistocerca cancellata, a infestação por aqui é de outra espécie. Como ainda não se tem a confirmação oficial para o tipo de gafanhoto que está no noroeste gaúcho (sabe-se apenas que é nativo e não migratório), é preciso nova análise do químico que seria adotado e a real necessidade. Felicetti destaca que o gafanhoto presente na região é menos agressivo e se alimenta basicamente das árvores, apesar de já ter alcançado e desfolhado algumas lavouras, mas sem grande dano econômico.
“Mas a estiagem e o calor favorecem a proliferação e estudamos a pulverização para dar tranquilidade ao produtor, e ao próprio ambiente, já que está havendo aumento da quantidade de gafanhotos e causando desequilíbrio”, explica Felicetti.
De acordo com técnicos da Emater/RS-Ascar que monitoram a presença de gafanhotos nas lavouras do Noroeste e a coleta de amostras desses insetos para análise, a grande concentração ainda é em áreas de mato, em aproximadamente 60 hectares.
“Eles parecem preferir se alimentar das folhas de uma árvore da região, o Timbó”, avalia João Schommer, agrônomo da Emater na região Celeiro.
Combate
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto, porém, Clovis Sequinatto, um combate com aviões agrícolas e defensivos químicos precisa ser adotado o mais rápido possível.
“Eles realmente estão principalmente na mata, mas o foco é muito grande e se expandindo. O medo é que migrem para as lavouras de soja e milho”, alerta Sequinatto.